Quando eu estava na escola, tinha muito claro na minha mente a profissão que iria seguir. Eu sabia desde sempre que queria trabalhar no Mercado Financeiro: uma influência direta da minha mãe, que há anos galgava o seu espaço nesse mercado. Mas ao contrário de vários amigos que sentiam que não teriam outra opção que não seguir os passos de seus pais, minha mãe nunca impôs que eu seguisse nada. Eu tinha passado a minha adolescência inteira com uma sede insaciável da liberdade que eu sabia que a minha mãe tinha e esse era um caminho claro para eu conquistar o meu próprio espaço. Meus pais se separaram quando eu era criança e minha mãe se viu no começo dos anos 90 com uma vida de dondoca que era muito pequena para as suas ambições, com duas filhas pequenas para criar e dependente de uma pensão alimentícia que meu pai fazia questão de nunca pagar na data certa. Depois do fracasso do seu casamento, a última coisa que a minha mãe queria era seguir prestando contas para o culpado dessa situação peculiar que eu, ela e minha irmã nos encontrávamos. Eis que ela virou trainee aos 35 anos e o resto é história. Juntas nós éramos poderosas, minha mãe sempre dizia, e assim fomos nós trilhando as águas turbulentas dos anos que seguiram o divórcio.
© 2025 Cami Cilento
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