Nessa última semana fizeram um comentário no meu IG sobre a “carga mental da maternidade” e resolvi falar um pouco sobre o assunto. Eu sempre fico um pouco reticente ao abordar assuntos como esse, pois não quero passar a impressão de que tenho tudo resolvido na minha mente ou na minha vida (longe disso aliás…). Porém, prática como sou, sempre tento achar a melhor forma para aliviar qualquer carga mental que pareça ou esteja pesada demais.
Desde que fiquei grávida uma nova categoria de preocupações e de decisões a serem tomadas tomou conta da minha mente. Dizem que o coração de mãe sempre tem espaço para mais um, e a verdade é que não é só o coração: a nossa mente assombrosamente também se expande exponencialmente. Eu mergulhei num mundo intenso aonde cada decisão relativa a criação do meu pequeno se tornava um “loop” infinito de pesquisas no Google, conversas com outras mães, e horas e mais horas de reflexão. Uma simples decisão como comprar uma mamadeira virou uma questão hiper filosófica sobre o que eu pensava sobre o formato do bico do meu seio e sobre a compatibilidade de tal apetrecho ao sistema gastrointestinal do meu rebento. Complexo.
Nós mulheres, seja por uma questão complexa da divisão de tarefas entre o gênero perpetuada por séculos, seja por uma questão simplesmente prática devido ao fato de que literalmente damos a luz e criamos um laço biológico óbvio, ainda nos sentimos automaticamente responsáveis por boa parte das decisões e tarefas relacionadas ao maternar. Eu na realidade desgosto demais dessa palavra: MATERNAR. Eu explico, depois de viver por muitos anos nos Estados Unidos, muitas vezes eu penso nos textos misturando os melhores termos do português com os do inglês e se tem uma palavra que sempre me faz falta no português é a palavra “parenting”: ela sempre me dá a impressão que ambos os pais estão nessa juntos, ao passo que o português não tem essa palavra livre de gênero e da carga feminina. Não sei se já tinham pensado nisso, mas no geral se falamos sobre a criação dos filhos, falamos na maternidade e a maternidade é uma questão que mora junto com a menstruação, com os OBs e Tampaxs, com a pílula anticoncepcional, com todas aquelas questões exclusivamente femininas. Um pouco injusto não?!
PARENTING /ˈperən(t)iNG/ noun
the activity of bringing up a child as a parent.
Eu não gosto muito de generalizar e falar sobre “parenting” como uma fórmula pronta que serve a todos, já que cada casa e família tem o seu formato e as suas questões. O que posso, no entanto, é falar um pouco sobre como funciona na minha casa e sobre o que eu fiz para aliviar essa “carga mental” que muitos atribuem automaticamente às mães.