Tem certos lugares que parecem ter parado no tempo e entrar em um local assim me traz sempre uma sensação reconfortante de permanência. Eu acho que já fui mais curiosa e mais turista em minha própria cidade. Talvez a minha falta de tempo livre ou o advento das compras pela internet tenham feito a minha curiosidade de entrar em uma loja menos latente. O resultado disso é que entro em pouquíssimas lojas físicas durante o ano e tem vezes que passo anos namorando as vitrines do meu bairro sem nunca colocar o pé dentro das lojas. É quase como se eu tomasse essa “permanência aparente” como uma garantia de que a loja sempre estará lá, esperando o momento em que vou tomar a iniciativa de sair do cortejo para um relacionamento sério e de longo prazo.
Entrar em uma loja independente e de bairro é no geral um convite para entrar na mente criativa de seus donos. Nem sempre eles tem o dom do encantamento, mas quando eu encontro uma loja com curadoria única é quase como se eu entrasse em um universo particular e mágico. É raro que isso aconteça, e por isso eu deixei um desses encontros especiais justamente aqui para o “Don’t kiss and tell”. Sabe como é, né? Quando eu crio uma relação de amor com um lugar rola um certo ciúmes… Então, guarde esse segredo junto comigo…